Inverno em local nos Alpes Alemães - Foto iap

ÚLTIMA MATERIALIZAÇÃO DE KATIE KING

(Autor: Gabriel Delanne - Obra: A Alma é Imortal) 

      Às 7 horas e 23 minutos da noite, o Sr. Crookes conduziu a Srta. Cook  (médium) para o gabinete escuro, onde ela se deitou no chão, com a cabeça sobre um travesseiro. Às 7 horas e 28 minutos, Katie (Espírito) falou pela primeira vez e às 7 horas e 30 mostrou-se fora da cortina e em toda a sua estatura. Estava vestida de branco, de mangas curtas e o pescoço nu. Trazia soltos os seus longos cabelos castanho-claros, de tom dourado, a lhe caírem em cachos dos dois lados da cabeça e pelas costas até à cintura. Também trazia um longo véu branco que apenas uma ou duas vezes abaixou sobre o rosto, durante a sessão.

     O médium trajava um vestido de merinó azul-claro. Durante quase toda a sessão, Katie se conservou em pé diante dos assistentes. Corrida que fora a cortina do gabinete, todos viam distintamente o médium adormecido, com o rosto coberto por um xale vermelho, para preservá-lo da luz. Não deixara a posição que havia tomado desde o começo da sessão, que transcorreu a uma luz que espalhava viva claridade. Katie falou da sua próxima partida e aceitou um ramo de flores que o Sr. Tapp lhe trouxera, assim como um apanhado de lírios que o Sr. Crookes lhe ofereceu. Pediu ao Sr. Tapp que desmanchasse o ramo e colocasse diante dela as flores, no chão. Sentou-se, então, à moda turca e pediu que todos fizessem o mesmo, ao seu derredor. Distribuiu as flores, fazendo com algumas um raminho, que atou com uma fita azul.

     Escreveu cartas de adeuses a alguns de seus amigos, pondo-lhes a assinatura: Annie Owen Morgan, dizendo que fora este o seu verdadeiro nome na vida terrena, ao tempo do reinado de Carlos I (1600-1649). Escreveu também uma carta ao seu médium e escolheu um botão de rosa para lhe ser entregue como presente de despedida. Pegou de uma tesoura, cortou uma mecha de seus cabelos e ofereceu certa porção destes a cada um. Enfiou depois o braço no do Sr. Crookes e deu volta à sala apertando a mão de todos, um por um. Sentou-se de novo, cortou vários pedaços do seu vestido e do seu véu, presenteando com eles os assistentes. Como fossem visíveis os grandes buracos que lhe ficaram nas vestes e estando ela sentada entre o Sr. Crookes e o Sr. Tapp, alguém lhe perguntou se poderia reparar aqueles estragos, como já o fizera noutras ocasiões. Ela então expôs à luz a parte cortada, bateu em cima com uma das mãos e imediatamente aquela parte do vestido se tornou tão perfeita como era antes. Os que lhe estavam próximos examinaram e tocaram, com sua permissão, a fazenda e afirmam que não mais havia nem buraco, nem costura, nem a aposição de qualquer remendo onde um momento antes tinham visto rasgões do diâmetro de muitas polegadas.

     Transmitiu a seguir suas últimas instruções ao Sr. Crookes e aos outros amigos sobre como deviam proceder com relação às manifestações ulteriores, que prometera, com o auxílio do seu médium. Essas instruções foram cuidadosamente anotadas e entregues ao Sr. Crookes. Parecendo então fatigada, Katie dizia com tristeza que precisava ir-se embora, que a sua força decaía. Reiterou muito afetuosamente seus adeuses a todos e todos lhe agradeceram as maravilhosas manifestações que lhes havia proporcionado.

     Dirigindo a seus amigos um último olhar, grave e pensativo, desceu a cortina e tornou-se invisível.   

     Ouviram-na despertar o médium, que lhe pediu, banhado em lágrimas, que se demorasse mais um pouco. Katie, porém, lhe respondeu: “Minha querida, não posso. Está cumprida a minha missão. Deus te abençoe!” E todos ouviram o som do seu beijo de despedida no médium. Logo depois, a Srta. Cook vinha ter com os presentes, inteiramente esgotada e profundamente consternada.

     Vê-se assim quanto a moça, rebelde a princípio, se afeiçoara à sua amiga invisível. Katie dizia que dali em diante não mais poderia falar nem mostrar-se; que, realizando, por três anos, aquelas manifestações físicas, passara vida bem penosa, para expiar suas faltas; que decidira elevar-se a um grau mais alto da vida espiritual; que só a longos intervalos poderia corresponder-se por escrito com o seu médium, mas que este poderia vê-la sempre, por meio da lucidez magnética.

  PRÓXIMA                                                                   INÍCIO

Nota do compilador: William Crookes, físico e químico inglês, descobriu os raios catódicos e isolou o tálio (prêmio nobel de 1907). Crookes pesquisou as materializações (comprovando a vida espiritual) em nome da ciência, porém esta,  permaneceu  materialista.

Só o preguiçoso, o não inteligente, o indiferente, aceitam como verdadeiro ou falso tudo quanto ouvem afirmar ou negar