Paisagem invernal na Alemanha - Foto iap

PRIMEIRA MATERIALIZAÇÃO DE KATIE KING   

   (Autor: Gabriel Delanne - Obra: A Alma é Imortal)  

     Os fenômenos de materialização constituem as mais altas e irrefragáveis demonstrações da imortalidade.

    Surgir um ser defunto diante dos espectadores com uma forma corpórea, conversar, caminhar, escrever e desaparecer, quer instantaneamente, quer gradativamente, sob as vistas dos observadores, é decerto o mais empolgante e o mais singular dos espetáculos. Isso, para um incrédulo, ultrapassa os limites da verossimilhança e provas físicas irrefutáveis se fazem necessárias, para que o fenômeno não seja lançado à conta de fraude ou de alucinação.

     Em 1872, contava a Srta. Cook dezesseis anos. Desde a mais tenra idade via Espíritos e ouvia vozes; mas, como somente ela observava esses fatos, seus pais nenhuma confiança depositavam em sua narrativas. Depois de haver ela assistido a algumas sessões espíritas, veio-se a saber que a mocinha era médium e que obteria as mais belas manifestações.

     A 21 de abril de 1872, diz o Sr. Harrison, no jornal O Espiritualista, ocorreu um curioso incidente. Ouviram de súbito bater nos vidros de uma janela; aberta esta, ninguém viu coisa alguma. Fez-se, porém, ouvir a voz de um Espírito, dizendo: “Senhor Cook, precisa mandar limpar suas calhas, se não quiser que os alicerces de sua casa sejam abalados. As calhas estão entupidas”. Muito surpreendido, procedeu ele a um exame imediato. Era exato! Chovera e o pátio da casa estava cheio da água que transbordara das calhas. Ninguém sabia desse acidente, antes que o Espírito o houvesse revelado daquela forma notável.

     A 22 de maio de 1872, ocorreu a primeira materialização de Katie King. A própria médium narrou assim o fenômeno, em carta ao Sr. Harrison:

     “Ontem à noite, Katie King nos disse que tentaria produzir alguns fenômenos, mas se concordássemos em armar um gabinete escuro com o auxílio de cortinas. Acrescentou que precisava lhe déssemos uma garrafa de óleo fosforescente, visto não lhe ser possível tomar de mim o fósforo necessário, devido ao fraco desenvolvimento da minha mediunidade. Ela quer iluminar a sua figura, para se tornar visível.

     Encantada com a ideia, fiz os preparativos necessários, ficando tudo pronto ontem à noite, às 8 e meia. Minha mãe, minha tia, os meninos e a criada sentaram-se fora, nos degraus da escada. Deixaram-me sozinha na sala de jantar, o que nada me agradou, porque estava com muito medo.

     Katie mostrou-se na abertura das cortinas. Seus lábios se moveram e, por fim, conseguiu falar. Conversou durante alguns minutos com a mamãe. Todos puderam ver-lhe o movimento dos lábios. Como eu, do lugar onde estava, não a visse bem, pedi-lhe que se voltasse para mim. O Espírito me respondeu: “Mas, decerto; fá-lo-ei”. Vi então que só estava formada a parte superior do seu corpo, o busto, sendo o resto da aparição uma espécie de nuvem, ligeiramente luminosa.

     Após breves instantes de espera, o Espírito Katie começou por trazer algumas folhas frescas de hera, planta que não existe no nosso jardim. Depois, todos vimos aparecer, fora da cortina, um braço cuja mão segurava a garrafa luminosa. Mostrou-se uma figura com a cabeça coberta de uma porção de pano branco. Katie aproximou do seu rosto o frasco e todos a percebemos distintamente. Esteve dois minutos e em seguida desapareceu. O rosto era oval, aquilino o nariz, vivos os olhos e a boca lindíssima.

     Disse Katie à mamãe que a olhasse bem, pois sabia que tinha um ar lúgubre. Eu, pelo que me diz respeito, fiquei muito impressionada quando o Espírito se aproximou de mim. Emocionadíssima, não pude falar, nem mesmo esboçar um gesto. Da última vez que se apresentou na junção das cortinas, demorou-se uns bons cinco minutos e incumbiu a mamãe de lhe pedir que venha aqui um dia desta semana... Katie King encerrou a sessão, implorando para nós as bênçãos de Deus. Exprimiu a sua alegria por se ter podido mostrar aos nossos olhares”.

                    PRÓXIMO                                                                                                                                                   INÍCIO

O  FILHO  INGRATO  É  DILACERADOR  DO  CORAÇÃO  DOS  PAIS,  ÍMPIO  VERDUGO  QUE  SE  NÃO  COMOVE  COM  AS  DOLORIDAS  LÁGRIMAS  MATERNAS  NEM  COM  AS  ANGÚSTIAS  SOMADAS  E  PENOSAS  DO  SENTIMENTO  PATERNO