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ALEXANDRE DELANNE DESPEDE-SE DE KARDEC

(Revista Espírita de 1869)

 

OBSERVAÇÃO DO COMPILADOR: Este foi um dos discursos proferidos na ocasião do sepultamento do corpo de Allan Kardec.

 

     Mui caro Mestre.

 

     Tantas vezes tive ocasião, nas minhas numerosas viagens, de ser junto a vós o intérprete dos sentimentos fraternos e reconhecidos de nossos irmãos da França e do Estrangeiro, que julgaria faltar a um dever sagrado se não viesse, em nome deles, neste momento, vos testemunhar o seu pesar.

 

     Ah! não serei mais que um eco bem fraco, para vos dizer da felicidade daquelas almas tocadas pela fé espírita, que se abrigaram sob a bandeira de consolação e de esperança que entre nós foram implantadas tão corajosamente.

 

     Muitos dentre eles certamente desempenhariam essa tarefa do coração melhor que eu.

 

     Não lhes permitirão a distância e o tempo estar aqui, ouso fazê-lo, pois conheço a vossa benevolência habitual a meu respeito e a de nossos bons irmãos que represento.

 

     Recebei, pois, caro Mestre, em nome de todos, a expressão dos pesares sinceros e profundos que a vossa partida precipitada da Terra vai fazer nascer por todos os lados.

 

     Melhor que ninguém conheceis a natureza humana. Sabeis que ela necessita de amparo. Ide, pois, até eles, derramar ainda esperança em seus corações.

 

     Provai-lhes, por vossos sábios conselhos e vossa poderosa lógica, que não os abandonais e que a obra a que vos dedicastes tão generosamente não perecerá, nem poderia perecer, porque está assente nas bases inabaláveis da fé raciocinada.

 

     Soubestes, pioneiro emérito, coordenar a pura Filosofia dos Espíritos e pô-la ao alcance de todas as inteligências, desde as mais humildes, que elevastes, até às mais eruditas, que vieram até vós e hoje se contam modestamente em nossas fileiras.

 

     Obrigado, nobre coração, pelo zelo e pela perseverança que pusestes em nos instruir.

 

     Obrigado por vossas vigílias e vossos labores, pela vigorosa fé que nos transmitistes.

 

     Obrigado pela felicidade presente que desfrutamos, pela felicidade futura que nos fizestes certeza, quando nós, como vós, tivermos entrado na grande pátria dos Espíritos.

 

     Obrigado ainda pelas lágrimas que enxugastes, pelos desesperos que acalmastes e pela esperança que fizestes brotar nas almas abatidas e desencorajadas.

 

     Obrigado, mil vezes obrigado, em nome de todos os confrades da França e do Estrangeiro! Até breve. .                                       

 

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