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O MAL DO MEDO

(Autor: Allan Kardec - Revista Espírita de 1858).

 

     Lemos no Moniteur de 26 de novembro de 1857:

    

     “Comunicam-nos o fato que se segue e que vem confirmar as observações feitas sobre a influência do medo:

 

     Ontem o Dr. F. voltava para casa depois de ter feito algumas visitas aos seus doentes. Numa destas haviam-lhe dado uma garrafa de excelente rum, importado diretamente da Jamaica. O médico esqueceu no carro a garrafa preciosa. Lembrando-se um pouco mais tarde, foi procurá-la e declarou ao chefe do estacionamento, que havia deixado numa das carruagens uma garrafa de um veneno violento e o aconselhou a prevenir aos cocheiros que tivessem o maior cuidado em não fazer uso daquele líquido mortal.

 

     Apenas o Dr. F. chegava ao seu apartamento, vinham chamá-lo a toda pressa, pois três cocheiros do vizinho estacionamento sofriam dores horríveis nas entranhas. Foi com muita dificuldade que os convenceu de que tinham bebido excelente rum e que sua indelicadeza não poderia ter tido mais graves consequências que aquele castigo imediato aos culpados.”

 

     1. São Luís: poderia dar-nos uma explicação fisiológica desta transformação das propriedades de uma substância inofensiva? Sabemos que, pela ação magnética, pode ocorrer tal transformação; mas no caso vertente não houve emissão de fluido magnético: agiu apenas a imaginação e não a vontade.

 

     - Vosso raciocínio é muito justo relativamente à imaginação. Mas os Espíritos malévolos, que induziram aqueles homens a cometer um ato indelicado, fazem passar no sangue, na matéria, um arrepio de medo, que bem poderíeis chamar de arrepio magnético; este distende os nervos e produz um frio em certas regiões do corpo. Bem sabeis que todo frio na região abdominal pode produzir cólicas. É, pois, um meio de punição que diverte os Espíritos que fizeram cometer o furto, ao mesmo tempo que os faz rir à custa daqueles a quem fizeram pecar. Em todo caso não seria verificada a morte: é simples lição para os culpados e divertimento para Espíritos levianos. Assim procedem, sempre que se lhes oferece uma oportunidade, que até procuram, para sua satisfação. Podemos evitar isto - e falo para vós - elevando-nos a Deus por pensamentos menos materiais que os que ocupavam o espírito daqueles homens. Os Espíritos malévolos gostam de se divertir. Cuidado com eles. Aquele que julga dizer uma frase agradável às pessoas que o cercam e que diverte uma sociedade com piadas e atos, por vezes se engana e mesmo muitas vezes, quando pensa que tudo isso vem de si próprio. Os Espíritos levianos, que o cercam, com ele de tal modo se identificam, que pouco a pouco o enganam a respeito de seus pensamentos, enganando também àqueles que o ouvem. Neste caso pensais estar tratando com um homem de espírito, que não passa de um ignorante. Descei em vós mesmos e julgai minhas palavras. Nem por isso são os Espíritos superiores inimigos da alegria: por vezes gostam de rir para se vos tornarem agradáveis. Mas cada coisa tem o seu momento oportuno.    PRÓXIMA

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