Filósofo Jean Reynaud - Cópia de www.wikipedia.org/

 

JUSTIÇA EXTRA-HUMANA

 (Mensagem do Espírito Jean Reynaud - Revista Espírita)

     A justiça humana não faz acepção da individualidade dos seres que castiga; medindo o crime pelo crime em si, fere indistintamente os que o cometeram, e a mesma pena atinge o culpado sem distinção de sexo e seja qual for a sua educação. A justiça divina procede diversamente: as punições correspondem ao grau de adiantamento dos seres aos quais são aplicadas; igualdade do crime não constitui igualdade entre os indivíduos; dois homens culpados no mesmo grau podem ser separados pela distância das provações, que mergulham um na opacidade intelectual dos primeiros círculos iniciadores, ao passo que o outro, os tendo ultrapassado, possui a lucidez, que liberta o Espírito da perturbação. Então não são mais as trevas que castigam, mas a acuidade da luz espiritual; ela atravessa a inteligência terrena e o faz experimentar a angústia de uma chaga posta a nu.

     Os seres desencarnados perseguidos pela representação material de seu crime sofrem o choque da eletricidade física: sofrem pelos sentidos; os que aniquila nas suas vagas amargas a lembrança dos fatos, para não deixar subsistir senão a ciência de suas causas.

     Pode, então, o homem, malgrado a criminalidade de suas ações, possuir um avanço anterior e, ao passo que as paixões o faziam agir como um bruto, suas faculdades afiadas o elevam acima da espessa atmosfera das camadas inferiores. A ausência de ponderação, de equilíbrio entre o progresso moral e o progresso intelectual, produz as anomalias muito frequentes nos períodos de materialismo e de transição.

     A luz que tortura o Espírito culpado é, mesmo, o raio espiritual inundando de claridade os recantos secretos de seu orgulho e lhe descobrindo a inanidade de seu ser fragmentário. Eis os primeiros sintomas e as primeiras angústias de agonia espiritual, que anunciam a separação ou dissolução dos elementos intelectuais materiais, que compõem a primitiva dualidade humana, e devem desaparecer na grande unidade do ser acabado.

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