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INFORTÚNIOS
(Espírito Victor Hugo - Médium Divaldo Pereira Franco - Obra: Árdua Ascensão)
A maioria dos infortúnios que desabam sobre os homens, quando não enquadrados nas excruciantes expiações, podem ser minorados, quando não evitados, face à conduta mental e moral dos incursos nas leis de reajustamento espiritual.
A função do sofrimento é essencialmente educativa, propiciando o despertar do precito para a vivência ética dos códigos de elevação, de enobrecimento.
A desconsideração pelos valores positivos da vida desencadeia efeitos que comprimem o invigilante, levando-o à ação correta embora a penas de sacrifícios e lágrimas, única metodologia a que se submete sem perigo de complicar a próprio situação.
As desgraças, os infortúnios, que abalam o indivíduo como a comunidade, as convulsões sociais, as calamidades sísmicas, as guerras, as epidemias, são produzidas pelo desconcerto moral e emocional daqueles que lhes sofrem a injunção penosa, efeito, portanto, dos seus implementos de ódio, de volúpia degenerada, largamente cultivados e aplicados sob o comando da loucura que os governa. Constituem, desse modo, recurso renovador, que purifica a psicosfera e a vida moral de quem e do lugar onde ocorrem. É a fase de encerramento do ciclo dos despropósitos graves que desencadearam essas aflições.
O infortúnio real não é aquele que se apresenta em forma de dor, alcançando o trânsfuga do dever, mas, o é a ação primitiva que prejudica o próximo, causadora de males que a outros infelicitam, levando-os a paroxismos imprevisíveis, que lhes matam a esperança, golpeiam as aspirações e asselvajam os sentimentos.
Esta a chispa que ateia o incêndio devorador que irrompe num momento e alastra a destruição por largas faixas, consumindo vidas e realizações na sua voracidade insaciável.
Eis porque o Cristianismo é uma Doutrina de não violência, de não resistência ao mal, esfacelando todas as forças desagregadoras desencadeadas e restaurando a harmonia, que começa no íntimo de cada indivíduo, a estender-se, suavemente, em sua volta, envolvendo aqueles que se lhe acercam.
Inicialmente, para que essa conduta pacifista se estabeleça e predomine no homem, faz-se necessária uma vontade forte que promova a revolução interior, em violência contra si mesmo, através da revisão e reestruturação dos conceitos sobre a vida, assumindo uma posição de princípios definidos, sem titubeios nem ambiguidades escapistas.
Tomada essa conduta, a marcha se faz amena, porque o homem passa a considerar todos os sucessos do ponto de vista espiritual, isto é, da transitoriedade da existência corporal e da perenidade do Espírito.
Desse modo, muda a paisagem dos fenômenos humanos que, efeitos de causas profundas, devem ser examinados a corrigidos nas suas gêneses, antes que mediante a irrupção de novos incidentes, em razão das reações tomadas contra os mesmos.
Agir com lucidez ao invés de reagir pela força, é a conduta certa, porque procedente da razão, antes que decorrente do instinto-paixão dissolvente.
Não há outra alternativa para o ser inteligente, senão o uso da razão em todo momento e em qualquer ocorrência nas quais seja colhido.
A sua reação não pode ultrapassar o limite do equilíbrio, sustando o golpe que lhe foi desferido ou o amortecendo no algodão da misericórdia em favor de quem lho aplicou...
Mediante este processo, ruem as barreiras da intolerância e do ódio; acabam-se as distâncias impeditivas à fraternidade; apagam-se as mágoas; diluem-se os rancores, porque ninguém logra vencer aquele que a si próprio já se venceu.
Os ultrajes não o afetam; as agressões não o intimidam; a morte não o atemoriza, porque ele é livre, portador de uma liberdade que algema nenhuma escraviza ou aprisiona, nem cárcere algum limita...
É, portanto, imbatível, terminando por fazer-se amado, mártir dos ideais e das aspirações de todos. Voilá tout.1
1= Pronto! Acabou-se, não há mais nada.