HORAS VAZIAS QUESTÕES 35 e 36 de O Livro dos Espíritos
O ESPAÇO
(Gabriel Delanne - Obra: A Alma é Imortal)
É infinito o espaço, pela razão de ser impossível supor-lhe qualquer limite e porque, malgrado à dificuldade que encontramos para conceber o infinito, mais fácil nos é, contudo, ir eternamente pelo espaço em pensamento, do que pararmos num lugar qualquer, depois do qual nenhuma extensão mais houvesse a ser percorrida.
Para imaginarmos, tanto quanto o permitam as nossas faculdades restritas, a infinidade do espaço, imaginemos que, partindo da Terra, perdida em meio do infinito, rumo a um ponto qualquer do Universo, com a velocidade prodigiosa da centelha elétrica, que transpõe milhares de léguas num segundo, havendo, pois, percorrido milhões de léguas mal tenhamos deixado este globo, nos achemos num lugar de onde a Terra não nos pareça mais do que vaga estrela. Um instante depois, seguindo sempre na mesma direção, chegamos às estrelas longínquas, que da nossa morada terrestre mal se percebem. Daí, não só a Terra terá desaparecido das nossas vistas nas profundezas do céu, como também o Sol, com todo o seu esplendor, estará eclipsado pela extensão que dele nos separa. Sempre com a mesma velocidade do relâmpago, transpomos sistemas de mundos, à medida que avançamos pela amplidão, ilhas de luzes etéreas, vias estelíferas, paragens suntuosas onde Deus semeou mundos na mesma profusão com que semeou as plantas nos prados terrestres.
Ora, minutos apenas há que caminhamos e já centenas de milhões de léguas nos separam da Terra, milhares de milhões de mundos passaram sob os nossos olhares e, entretanto, escutai bem! na realidade, não avançamos um único passo no Universo.
Se continuarmos durante anos, séculos, milhares de séculos, milhões de períodos cem vezes seculares e incessantemente com a mesma velocidade do relâmpago, nada teremos avançado, qualquer que seja o lado para onde nos encaminhemos e qualquer que seja o ponto para onde nos dirijamos, a partir do grão invisível que deixamos e que se chama Terra.