Foto ip

 

A INVEJA

(Espírito São Luís - Revista Espírita de 1858)

      Vede este homem. Seu Espírito está inquieto, sua infelicidade terrena chega ao auge: inveja o ouro, o luxo, a felicidade aparente ou fictícia de seus semelhantes; seu coração está devastado, sua alma surdamente consumida por esta luta incessante do orgulho, da vaidade não satisfeita; carrega consigo, em todos os instantes de sua miserável existência, uma serpente que alimenta e que lhe sugere incessantemente os mais fatais pensamentos: “Terei esta volúpia, esta felicidade? Tenho tanto direito a isto quanto aqueles; sou um homem como eles, por que seria eu deserdado?”

     E se debate na sua impotência, vítima do horrível suplício da inveja. Feliz ainda quando estas ideias funestas não o levam às bordas de um abismo. Entrando nessa via, a si mesmo pergunta se não deve obter pela violência aquilo que julga lhe ser devido; se não irá expor aos olhos de todos o terrível mal que o devora. Se esse infeliz tivesse olhado somente para baixo de sua posição, teria visto o número daqueles que sofrem sem um lamento e ainda bendizem o Criador. Porque a desgraça é um benefício de que Deus se serve para fazer a pobre criatura avançar até o seu trono eterno.

     Fazei a vossa felicidade e o vosso verdadeiro tesouro na Terra das obras de caridade e de submissão - as únicas que vos dão entrada no seio de Deus. Estas obras do bem farão a vossa alegria e a vossa felicidade eternas. A inveja é uma das mais feias e mais tristes misérias do vosso globo. A caridade e a constante emissão da fé farão desaparecer todos esses males, que se irão um a um, à medida que os homens de boa vontade vos seguirem, se multiplicarem. 

  PRÓXIMA               INÍCIO