ESPIRITISMO: A FILOSOFIA DO FUTURO

     OBS.: A belíssima comunicação abaixo foi dada na primeira dezena do século vinte pelo Espírito  Maximilian Paul EMILE LITTRÉ, (1801/1881), ao médium Fernando de Lacerda e inserida na obra "Do País da Luz," -  volume 2.  Esse Espírito havia sido um erudito filólogo francês seguidor de Auguste Comte na filosofia positiva. Deixou trabalhos verdadeiramente notáveis em filosofia e filologia. Também foi político e o autor do grande dicionário francês.    

     Toda a vida terrena se dissipa, na nossa transmigração à vida espiritual, como se fosse uma frágil bolha de água sabonada.1

     A luta durante essa vida faz lembrar uma criança que se canse a construir um edifício de cartas de jogar, que uma aragem leve bastará para derrubar.

     Aí procuramos, por todos os artifícios da hermenêutica, por todos os silogismos da lógica, por todas as proposições da dialética, edificar doutrina nova, sobre a tábua rasa das velhas filosofias, que cremos indignas da moral moderna, da coexistência com a eletricidade, com as descobertas da ciência nos campos da paleontologia,2 da química, da cosmogonia,3 da biologia e da antropologia.4 Cansamo-nos a aprofundar, a criar radicais para uma ciência positiva, tomando por princípio que só é positivo o que se vê, o que se conhece; que os raciocínios só têm valor de argumentos quando baseados nos dados que saem do laboratório; que a vida só existe no que de certo o homem encontra até onde chega o seu estudo, a sua visão, a sua medida e a sua aritmética. Fora desta ciência certa não se admite mais. A filosofia velha, tendo por base a essência sublimada de uma entidade, abstrata, incógnita insolúvel, que se chamava Deus, supõe-se um princípio falso, indigno de épocas em que só a razão impera.

     Estabelece-se que só o que a nossa razão vislumbra como problema definitivamente resolvido, poderá ser aceite por cérebros desimpedidos de nebulosas metafísicas, de sentimentalidade ilógicas, irracionais, obsoletas...

     O homem, na sua ânsia insatisfeita de fazer e de saber alguma coisa de novo, deixa-se seduzir pela ilusão, em que facilmente crê, de encontrar ainda sobre o Globo, em matéria filosófica, qualquer coisa nova, inexplorada; e daí, desde Sócrates, Platão, Aristóteles, até Orígenes, Descartes, Bruno, Diderot e Comte quantas tentativas em busca da verdade absoluta da alma humana! De todos os sistemas filosóficos conhecidos - e tão variados são - não se chegou ainda a uma conclusão definitiva.

     Os profetas, os legisladores da antiguidade, os sábios gregos, romanos e caldaicos;5 os livros sagrados das castas privilegiadas do oriente; os sábios, os pensadores do ocidente, têm-se esforçado, em todas as épocas, por encontrar um princípio absoluto, como raiz básica da filosofia; e depois de tantos ensaios, de tantas controvérsias, de tanta discussão estéril, criando escolas, aventando hipóteses, derruindo afirmações, numa luta porfiada, contínua, e por vezes feroz, através os séculos, tem o homem aí de confessar-se hoje tão adiantado como estava há milhares de anos; e daqui reconhecemo-lo, na Terra, mais atrasado do que então, porque vem avançando pelo ateísmo e criando o antropoteísmo5a como base de toda a ciência positiva.

     Em verdade, porém, a filosofia verdadeira só existe desde que tenha como pontos fundamentais: Deus e a Alma.

     Deus, a unidade criadora; a Alma, unidade criada e reveladora.

     Deus, em filosofia, deve ser o significado do princípio eterno, indestrutível e intransformável. Centro de toda a vida, geratriz de toda a força, foco de toda a luz.

     Toda a sua ação foi subordinada a leis imutáveis na sua forma funcional, isenta de eventualidades, e de contingências ocasionais. Nada faz sem um fim, nada cria desnecessariamente.

     As leis de regência de tudo no Universo atuam em irradiações concêntricas, tendo por ponto central, inamovível e eterno, essa entidade sublimada que denominamos Deus; e começando por regular e reger os mundos no infinito, vão-se dilatando, sempre no seu isocronismo6 fatal, na regularização dos fatos, das pessoas, das coisas, em todos os mundos habitados, desde as maiores às menores, num concertante geral, numa harmonia perfeita.

     Tudo é igual, tudo está regulado, desde a rotação dos mundos nas suas órbitas, das suas giratórias, em volta dos seus centros sistemáticos, até o espaço de tempo em que hão de germinar, nascer e durar as espécies. Nada se altera. nada se alterará.

     Foi sempre assim,e sempre assim há de ser. Tudo tem a sua função, e tudo tem o seu ciclo.

     Dentro dessas leis tudo nasce, cresce, frutifica, matura, declina, estiola e morre.

     A verdadeira filosofia será aquela que, partindo de um princípio comum, procure conhecer as leis de regência e concordância em tudo, o espírito sapientíssimo e providencial dessas leis, e qual a transformação a que conduz o termo visível, aos olhos materiais, pelo ato que se denomina - morte.

     Consiga ela isso, assente nessa descoberta, e terá atingido a verdade.

     Um ramo da filosofia - a religião - tem já mais ou menos esboçado o escopo da filosofia racional, na parte respeitante ao outro princípio - a Alma.

     Compreendeu ela já, no seu princípio uniforme em quase todas as suas modalidades religiosas, que a alma é uma coisa eterna, que anima o homem na sua passagem pela Terra, e que, depois de uma demora aí, mais ou menos prolongada, evoluciona para outro estado mais perfeito.

     O que ainda não conheceu foi a lei que regula essa evolução, nem a demora que cada alma deve ter na Terra. É isso que lhe falta saber, porque no rasto da verdade vem ela.

     Ainda durante a minha estada nesse mundo começou a manifestar-se uma nova ciência filosófica, que prometia vir resolver esse problema. Apareceu com o nome singular, de restrito alcance, inexpressivo na sua fórmula concreta, de Espiritismo.

     Não o tomei a sério, e tenho pena.

     É (agora a vejo) a filosofia do futuro; a forrageadora de todos os conhecimentos adquiridos, e a investigadora de todos a adquirir.

     Tomando, como toma, Deus para centro de todo o sistema universal, ela coloca-se, ab initio,7 na verdade. Partindo do princípio de que a Alma é um tributo divino, criado por Deus, e espalhado, fragmentado, pelo Universo, tendo cada fragmento individualidade própria, ação independente, função definida, trajetória certa, e missão determinada, através os mundos e as épocas, ela coloca-se na esteira frutuosa da verdade.

     O que carece é de descobrir e de fixar as leis a que a alma tem de obedecer na sua evolução.

     É-lhe isso relativamente fácil.

     A dificuldade consistia em achar a origem do sistema; achado ele, não é difícil achar-lhe a lei.

     A filosofia deve ter nascido no cérebro do primeiro homem que na Terra se preocupou com o seu destino. As primeiras dúvidas, os primeiros estudos, as primeiras interrogações, ligeirissimamente esboçadas em intelectos toscos e brutos, deviam constituir os germens da filosofia eterna. Desde que a primeira interrogação abriu um vácuo no espírito do homem, não tem ele feito mais, no campo subjetivo e espiritual, do que procurar uma resposta que satisfaça àquela interrogação, um fato, uma coisa, que preencha aquele vácuo.

     É instintivo, é natural. E é instintivo e natural, porque é a recordação fortuita do estado anterior ao seu aparecimento aí. É o último lampejo da vida espiritual e livre que se torna o primeiro pensamento do espírito envolvido em uma substância nova: - a matéria carnal, e colocado em uma nova esfera de ação: - a vida terrena.

     Assim se compreendem as manifestações de filosofia deísta, de religiosidade incipiente, nas tribos selvagens, virgens de civilização e do contacto com povos civilizados.

     Nos seus cérebros rudimentares brota, naturalmente, a ideia de Deus e da imortalidade.

     É a consequência refletora das vidas anteriores.

     Não sabem eles desenvolver, explanar, esse princípio ingênito; mas ele já está exteriorizando-se na sua adoração ao Sol, ao feitiço, ao amuleto; na sua inteira indiferença pela morte, e no seu respeito e terror pelos mortos. Podem não ter clara a ideia de Deus, mas têm o medo do sobrenatural, do desconhecido.

     Este  medo é a manifestação natural da ideia inata de um princípio superior, que o desenvolvimento intelectual e civilizado do homem concretizou na idealização de Deus.

     Para eles a morte é um acidente. Singularíssima coincidência!

     O homem primitivo devia ser assim; e pensando em tal, chegamos à desconsoladora presunção de que, em filosofia, o homem, depois de milhares de anos de luta, de conquista, de lucubração,8 chegou a concluir que não sabe mais do que sabia na sua origem primordial!

     O mais profundo sábio não está hoje mais adiantado no conhecimento do fundamento estrutural da alma, de que o botocudo, o senegalês ou o cafre!9

     Os extremos tocam-se. É um lugar comum, mas todos os lugares comuns são a verdade consagrada.

     Não tem, pois, o homem saído de um círculo vicioso.

     Dentro dele tem jogado com palavras e com ideias, como um funâmbulo10 pode jogar com uma maromba,11 ou um jongleur12 com esferas metálicas.

     Os fatos são sempre os mesmos; as maneiras por que se evidenciam é que mudam ao sabor da época, à vontade do expositor.

     Eu também tive pretensões de apresentar uma face nova à ideia velha. E cheguei a convencer-me de que o tinha conseguido!

     Pobre de mim! A desilusão não se fez esperar!

     Com a aproximação da morte senti que em volta de mim derruía, estrondosamente, o negregado13 edifício, que com tanta paciência ajudava a construir. Ainda aí, os meus olhos deslumbrados anteviam já o fulgor da verdade, de que tão arredado andava, pela vaidade insciente de querer legar alguma coisa de novo.

     Pela primeira vez senti rebate de medo. E se me tivesse enganado?

     Todas as teorias, todas as ciências filosóficas, que largamente havia acondicionado no meu cérebro, começaram a desarrumar-se como a carga de um navio, em plena tempestade.

     Trouxeram-me a confusão, a incerteza.

     Perguntei a mim próprio o que era que me autorizava a supor-me mais sábio de que tantos e tão profundos pesquisadores de todos os tempos, e que conhecimentos concretos, que ciências certas, cimentavam a minha crença, a minha certeza na filosofia positiva, baseada na negação anímica e deísta!

     Não encontrei resposta que me satisfizesse. Vi, nesse momento derradeiro, que tudo que eu cria firme era movediço, que o que eu tinha como saber indiscutível, eram teorias hipotéticas, que a fantasia e a crença haviam mascarado; e à minha previsão final escancarou-se um mundo novo para mim, mas velho para o mundo, e nele para o sábio, para o ignorante, para o gênio e para o cafre.

     E reneguei tudo. Aceitei a doutrina católica, não como a melhor e mais perfeita, mas como única que, naquele momento, punha a minha consciência tranquila, pelo meu ingresso no campo imortalista, de que andava afastado havia tanto tempo.

     A morte, que sentia perto, não me dava já ocasião a procurar em todas as teorias, escolas e religiões que tumultuavam no meu cérebro, qual seria a melhor para companheira no derradeiro transe. Como o náufrago, em navio prestes a fundar-se, lança mão do primeiro objeto para boia de descanso e de auxílio para se aguentar ao de cima da água, assim eu aceitei a que me ofereciam, como meio de reconciliação com a filosofia velha, que eu tanto maltratara, e com o princípio comum dessa filosofia - Deus.

     Sinto-me feliz, porque não acertei mal. É dos velhos sistemas o que há de melhor.

     E daí pouco importava que o não fosse. O essencial era que na minha consciência a tomasse assim.

     A ideia era o que valia; e a ideia que eu ligava à minha conversão, ou melhor, à minha regressão in articulo mortis14 ao princípio religioso da filosofia universal, bastava para morrer tranquilo, e tranquilo entrar na eternidade que pré-adivinhava.

     Conhecia bem todos os sistemas religiosos, para que me prendesse nas formalidades teocráticas de qualquer deles.

     Parecendo cada um diverso na forma, na origem são todos iguais.

     Foi, pois, à origem que fui buscar o sossego, e a este sossego a compostura espiritual para passar à nova vida, reconciliado com Deus, com a verdade e comigo.

     A filosofia devia ser a ciência de bem viver, e de bem morrer; mas quando não pudesse ser a sabedoria para a vida e para morte, devia sê-lo só para a morte.

     Vai o homem, pouco a pouco, encontrando para a vida as leis de todas as coisas. Depois de conhecer as que regulam os fenômenos siderais, tem buscado, com afã, as que regulam os fenômenos terrestres.

     Foram aquelas o motivo especial das lucubrações de muitas gerações de sábios.

     Levou séculos a fixar-se-lhes o poder, a intensidade, a relação com os fenômenos que regiam e a condicionalidade que os determinava, e ainda não é bem um trabalho findo, nem uma conquista terminada.

     Esse estudo tinha e tem seduções especiais para os estudiosos e investigadores.

     Procuraram-se, depois, as leis de relação entre os fenômenos celestes e os fenômenos terrestres. Descobriram-se as leis da atração e da gravidade. O homem, na sua ânsia de conhecer, procurou, ora isolada ora simultaneamente, as leis para tudo que o impressionava, e que desconhecia.

     Criou ou descobriu leis para a matemática, para a dinâmica,15 para a química, para a física, para a biologia.

     Pela paleontologia reconheceu os fósseis; pela paleoetnologia adivinhou o homem pré-histórico; pela etnologia conheceu os povos e sua distribuição pelo globo; pela antropogenia quis conhecer os mistérios da geração humana; pela geologia pretendeu conhecer a Terra nas suas mais íntimas manifestações e evoluções; pela zoonomia quis regular as funções da vida animal.

     A tudo pretendeu encontrar leis imutáveis; e de fato algumas encontrou já.

     Estas dão-lhe a certeza de que encontrará as outras, e de que tudo, nas suas manifestações orgânicas, vitais, e evolucionistas, tem realmente leis de concordância, dentro das próprias espécies e entre as espécies todas, nas suas ações isoladas e conjuntas, que prendem, que ligam tudo, na harmonia geral das coisas e dos seres.

     Ora, a filosofia antiga era o conjunto de leis que deviam regular a alma humana. Para que a filosofia existisse era necessário que existisse a alma.

     A filosofia é a ciência da alma, como a teologia é a ciência de Deus.

     Desde que a filosofia negue a alma, nega-se a si própria; não tem razão de existir, como expressão concreta de uma ciência consagrada.

     A alma, porém, existe. A ciência espírita veio facultar o livre exame, a análise rigorosa e meticulosa a uma coisa que tem andado pelos domínios da abstração e da fé. Veio permitir que se lhe estudem as leis, por uma forma toda material, na sua dinâmica íntima, na sua maneira integral. Por esta nova ciência filosófica se pode conhecer a procedência, a evolução, a missão e o destino da alma humana, o que em vão se tem procurado descobrir. Está ela subordinada a leis, em tudo semelhantes às de todas as outras coisas existentes. Não é, nem poderia ser, uma exceção. A exceção é o centro emergente de todas as leis, por isso que sendo um só, não precisa ordem nem harmonia para o regular. Está naturalmente regulado.

     Ele é, simplesmente, o centro emergente e convergente de todos os fluxos e refluxos universais, princípio e ordem de todas as leis, origem e fator de todas as coisas.

     As leis estabeleceu-as para não deixar nada à eventualidade, e para ligar harmonicamente todas as coisas criadas; - primeiro os componentes de cada indivíduo isolado; depois todos os indivíduos da mesma família; todas as famílias da mesma espécie; todas as espécies da mesma categoria; todas as categorias diversas, e, finalmente, o conjunto todo a ele próprio, para obedecer tudo a uma uniformidade e passividade perfeita e absoluta.

     A filosofia espírita virá conhecer, estabelecer e fixar as relações da Alma com aquele princípio comum. Virá orientar o homem sobre a sua marcha através os tempos; indicar-lhe o que foi, o que é, e o que há de vir a ser; ensinar-lhe a maneira de, dentro da lei geral, progredir mais rapidamente; indicar-lhe as causas do seu desequilíbrio e sugerir-lhe os meios de o remediar.

     Os organismos vivos são todos suscetíveis de evolucionar, de se aperfeiçoarem.

     A botânica ensina a evolução dos vegetais; a zootecnia a evolução dos animais; a filosofia deverá ensinar a evolução espiritual, na sua acepção eterna e anímica.

     A filosofia, que é a mãe de todas as religiões, deve vir a ser, finalmente, a dispensadora delas todas. Os princípios da sã filosofia consubstanciam em si a moral absoluta, a verdade absoluta, a religião absoluta. Conhecendo-se a alma, há de se lhe conhecer a origem e o fim, quem a criou e para que a criou; e esse conhecimento há de produzir fatalmente a admiração, o respeito, o amor, pela Entidade suprema de que ela é simples emanação e reflexo.

     As religiões, que não têm outro fim, ficam portanto melhor substituídas, porque a filosofia assentará na verdade conquistada, a adoração a Deus e representará um preito de reconhecimento e amor; o amor ao próximo uma necessidade evolutiva e uma manifestação de aperfeiçoamento.

     A consciência humana não mais precisará forçar a razão com a exigência da fé incondicional e indiscutível, porque será na razão discutida e clara que assentará a crença em Deus. Não necessitará impor uma coisa que nasce logicamente, irrefutavelmente, da ciência certa; e o homem, conhecendo-se psicologicamente como já se conhece fisiologicamente e antropologicamente, terá mais respeito por si próprio, maior culto pela verdade, pela perfectibilidade, que é obra sua, e pelo agente principal da sua perfeição: a bondade; pela sua dignidade individual, pela moralidade absoluta, que então melhor conhecerá; e, instintivamente, lhe virá a repulsão pelas qualidades más, porque conhecerá inteiramente, e bem, os males que ocasionam. Mas tudo isto logicamente, naturalmente, como uma dedução matemática, como um silogismo dogmático.

     A negação da alma torna o homem intolerável, porque lhe permite o livre cultivo das qualidades perniciosas, sempre bem mais fáceis de aceitar, talvez por mais harmônicas com a sua condição de animalidade, do que as boas, todas tendentes, exclusivamente, à parte espiritual do ser humano.

     As religiões têm vindo ensinando o mesmo, em verdade; e a elas se deve, incontestavelmente, o grau de adiantamento em que a humanidade se encontra, mau grado tudo que delas digam; mas, na evolução geral, elas tendem a desaparecer substituídas pela filosofia experimental, que é o mesmo que a religião armada de todas as provas, de todos os fatos, para demonstrar, praticamente, o que até agora só tem pretendido demonstrar pela fé, pela teoria, pelo raciocínio, pela hipótese, pela presunção.

     Como a religião cristã veio substituir o paganismo e o mosaísmo,16 dando ao homem noções mais completas, mais puras, mais progressivas da alma e de Deus. Assim a filosofia futura substituirá a religião cristã de uma forma mais avançada, mais perfeita, conquanto não mais pura, porque não cabe no raciocínio humano, na sua manifestação espiritual, maior pureza e mais notável grandeza, do que existem nos princípios fundamentais do Cristianismo.

     Hão de haver, porém, coisas que se não mudarão, e que serão, para sempre coexistentes com a Terra; serão a influência, a ação e a direção de Jesus, na futura filosofia espírita ou experimental. Ele há de ser a figura culminante aí, porque é a figura culminante aqui. É ele quem preside a evolução humana na Terra; e é ele o traço que prende a alma do homem à Entidade sublimada do Universo, como representante mais perfeito dessa Entidade para com a humanidade e da humanidade para com essa Entidade, que se denomina - Deus.

NOTAS: 1 = bolha de sabão; 2 = ciência que estuda as formas de vida existentes em períodos geológicos passados; 3 = fundamento que busca explicar a formação do Universo ; 4 = estudos que englobam extensivamente origens, desenvolvimento físico, cultural, etc.; 5 = relativos a Caldeia; 5a = representação de Deus sob a forma de atributos humanos; 6 = que possuem duração igual; 7 = desde o início; 8 = vida prolongada de muito trabalho; 9 = pessoa que ignora alguma coisa; 10 = equilibrista, pessoa que muda com facilidade de opinião; 11 = vara usada pelos equilibristas; 12 = malabarista; 13 = infeliz; 14 = no momento da morte; 15 = estudos da mecânica sobre o comportamento dos corpos, suas ações e movimentos; 16 = obra atribuída a Moisés, fundador da religião judaica.    INÍCIO       PRÓXIMO